Leitura dos tempos da
juventude, volto neste Agosto a Humilhados
e Ofendidos, de Dostoievski, romance de 1861.
Terminada a leitura do
Capítulo X, percebe-se a densidade psicológica com que são desenhadas as personagens
do romance: a perseguição do príncipe Piotr Valkovski a Nikolai Ikhmeniov, a
tríade amorosa composta por Natacha, Vania e Aliocha.
Lembrei-me do artigo
de João Gaspar Simões no nº 6 da revista presença,
de Julho de 1927, com o título “Depois de Dostoievski”. Diz o crítico: «(…)
o que mais peculiariza uma novela é o fundo – o subsolo humano em que assenta a
sua engrenagem cosmológica.» Contra a valorização do estilo, ou da forma, pelos
romancistas franceses do século XIX, Gaspar Simões criticava neles «a concepção
do homem uno, típico, consequente», por as personagens reagirem «sempre de modo
idêntico, sem uma contradição por onde se manifestasse a sua natureza
verdadeiramente humana.» Isto é o que não há em
Dostoievski, e por isso as personagens criadas são tão ricas e surpreendentes.
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