sexta-feira, setembro 06, 2019

UM BANQUINHO...

«Pani Krysia, debruçada sobre a mesa de jantar, saia arregaçada, esticava os braços como se fosse uma cruz, fincando as mãos à toalha de renda. Com o peito espremido no tampo, erguia o queixo para o tecto como se visse o céu. Atrás dela, com os pés apoiados num banquinho, o presidente da Câmara trazia as calças pelos joelhos e dominava a beata puxando-a pelos atilhos do corpete
No capítulo seguinte é o escritor fictício que se pronuncia sobre a fabulação do seu relato: «O gajo não prestava, não valia nada! Um tipo daquele tamanho não chega aonde ele chegou sem se empoleirar. Há quem lhe chame canalhice, eu vi  ali um banquinho, qual é o problema? Tens um banquinho, tens uma história.»
Este é um romance em que a história narrada se confronta com as motivações da narração, as fontes, o poder da fabulação, a angústia da criação, o real e o imaginário. Um bom romance, prémio Leya 2017.

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