JULIO, Epitalâmio (1931), óleo sobre cartão, colecção CMVC.
O noivo regurgita um esgar
de dentes rombos e já a garra adunca
dentro da luva de cerimónia
cerimonialmente avança
sobre o braço da eleita.
À noite, no suor do tálamo,
chupar-lhe-á os lábios,
os bicos dos seios
e sempre o sangue.
Uma terceira figura,
talvez do pai que lha passou,
assobia de mansinho
ao ar festivo.
Em fundo, a coluna
de volutas jónicas
ameaça desabar
sobre a convenção insana.
--- Cadernos
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