A OBRA-PRIMA
DE ALVES REDOL, romance escrito há sessenta anos. Quem foi, na vida real, Diogo
Relvas, o lavrador «cruel e bondoso,
tirano e, não obstante, tocado pela necessidade de justiça»? Com este
perfil o definem na contracapa da edição da Europa-América. No prefácio escrito
para a obra, Mário Dionísio prefere apresentá-lo como o agrário que trata com «severidade igual quem põe a sua ordem em
perigo, sejam criados ou os próprios filhos.» E que reage – com o instinto
próprio da sobrevivência – contra os que o ameaçam com as grandes desordens da
época: a indústria, os caminhos-de-ferro e o liberalismo. Sim, Diogo Relvas
existiu com outro nome em terras de lavoura da lezíria ribatejana. Redol - neto de campino seu servidor – conhecia-o
bem, dizendo no texto “Breve nota de culpa” que precede o romance: «Entre a fábula e a realidade, procurarei
relatar o que foi passado à minha beira, não só o que soube e vi, mas também o
que inventei na interpretação imaginosa
da história desse homem, meio Deus meio lavrador, cuja sombra ainda hoje se
projecta na pausa absurda dos netos, que teimam em prolongá-lo.»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário