Diz o tipo:
«Tenho andado inquinado da mente, desvinculado de ânimo, já a não posso ouvir quando fala a solo. Há uma noite de cinza que nos cerca, que nos trava a marcha até quando viajamos de carro, a cento e tal à hora, por auto-estradas com custo para o utilizador. Um dia destes dragamos o lodo e vamos mar fora, cada um por si, e seremos finalmente felizes. Entretanto, dói-me tudo. Mas ao contrário de Boris, sou capaz de o dizer.»
DÓI-ME O FLORETE(J´ai mal a ma rapière)
Dói-me o florete
Mas nunca tal direi
Dói-me o podão
Mas nunca tal direi
Doem-me as cerdãs
Doem-me os untadores
Dói-me a pernola
Dói-me a sacola
Mas nunca tal direi lá
Mas nunca tal direi
BORIS VIAN - Canções e Poemas, tradução de Irene Freire Nunes / Fernando Cabral Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, pp. 234-235.
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