Rosa de Sharon, filha mais velha dos Joad, é uma das
personagens mais interessantes da epopeia desta família de Oklahoma em demanda de um futuro digno na Califórnia. Nela se deposita a esperança ingénua dos pobres na construção de
uma nova vida. A sua aspiração a uma casa (e com um frigorífico) onde pudesse
criar em boas condições o filho que em breve nasceria, é comparável à de
Horácio em A Lã e a Neve. Contava
para isso com Connie, o marido, que acabou por lhe fugir no fim da atribulada
viagem para a terra prometida. Rosa de Sharon não chegou a compreender, como
compreendeu o seu irmão Tom (e também, amargamente, o protagonista do romance
de Ferreira de Castro), a necessidade de se ultrapassar a acção individual, de
se juntarem os homens e as mulheres com vista a lutarem pela concretização dos
seus sonhos. O filho esperado nasceu morto e os seus úberes, prontos para criar
uma vida, deram alimento a um velho moribundo que já pouco tempo de vida podia
esperar. Que me lembre, não vi nada de igual em outro romance.
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2 comentários:
ah, que obra-prima absoluta!
(e viva a literatura comparada!)
Sim, meu caro, é fundamental irmos recuperando estes clássicos. Obrigado.
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