Eugène Delacroix, A Liberdade Guiando o Povo
Ao ler as
notícias sobre as barricadas dos “coletes amarelos” em Paris, lembrei-me de
1848, a deposição de Luís Filipe (le roi-bourgeois) e o nascimento da Segunda República
de Luís Napoleão, depois traída pelo próprio (Napoleão III) à semelhança do que
fizera o seu ilustre tio no 18 de Brumário do ano VIII. Corrigindo Hegel, Marx escreveria:
«Todos os acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer,
duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.» Lembrei-me
ainda da reforma urbanística de Paris, levada a cabo pelo barão de Haussmann
durante o Segundo Império. Uma das razões para tal reforma seria acabar com o
dédalo das ruas da cidade, estreitas e tortuosas, onde facilmente os revoltosos
levantavam barricadas e afrontavam as forças da ordem. O movimento dos “coletes amarelos” parece desmentir a eficiência do projecto (Maio de 68 já o desmentira), embora os meios, hoje em dia, sejam outros:
tanto do lado dos revoltosos, como do das polícias.
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