Você já viu como ele está grudado de olho no céu esperando descobrir entre as estrelas o Cruzeiro do Sul? E como aponta a orelha às laranjeiras para ouvir cantar o sabiá? Gente, cara mais bobo não existe desde que Pêro Vaz de Caminha, o letrado do achamento, se espantou com os homens pardos e as moças de cabelos muito pretos e compridos com as suas vergonhas tão cerradinhas e tão limpas que até dava vontade de não ter vergonha nenhuma! Pois é, deixem-no com as estrelas e o incerto gorjeio das aves, que o mais certo que lhe tocará é o cheiro que se manda do rio Tietê, o arzinho fresco da manhã picando-lhe o nariz, a agitação do metrô e do ônibus, a espuma do chope untando-lhe a boca. Vinho nem vê-lo, nenhuma feijoada das que se comem lá na terrinha lhe cairá no prato. Cruzeiro do Sul? Fique-se pela Ursa Maior ou a Ursa Menor! Sabiá de Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu? Contente-se com o rouxinol de Bernardim!
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