Numa passagem d´A Cidade e as Serras, Zé Fernandes sobe com Jacinto aos altos de Montmartre, onde então se construía a Basílica do Sacré-Coeur, e olhando Paris põe-se a filosofar sobre os malefícios da cidade e a vil exploração das plebes pela burguesia triunfante. O discurso inflamado do companheiro de Jacinto, atormentado com a perversidade urbana e a barbárie capitalista, só se acalma à hora do jantar, num luxuoso restaurante do Bois de Boulogne, perante um vinho gelado com que põe termo às securas da garganta e às suas filosofias de ocasião. Este trecho do romance queirosiano é a melhor recordação que guardo do Sacré-Coeur, lugar muito frequentado por turistas nestas tardes mornas de Primavera.
Porém, há sempre motivos interessantes a descobrir. Num pequeno jardim sobranceiro à Rue Chappe, praticamente no espaço sagrado da Basílica, há uma estátua de bronze em cujo pedestal podemos ler:
Porém, há sempre motivos interessantes a descobrir. Num pequeno jardim sobranceiro à Rue Chappe, praticamente no espaço sagrado da Basílica, há uma estátua de bronze em cujo pedestal podemos ler:
AU
CHEVALIER
DE LA BARRE
SUPPLICIÉ À L’ ÂGE DE 19 ANS
LE 1er JUILLET 1766
POUR N´AVOIR PAS SALUÉ
UNE
PROCESSION
Este é o caso do Chevalier de La Barre que indignou Voltaire. Não deixa de ser tocante que ali à beira do templo, perante o espírito do lugar, se preste homenagem tão expressiva a uma vítima da intelorância religiosa.
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