Quando se pagavam os versos a peso de ouro por Augusto César, que sabe Deus se seria, ou não seria, era porque era um só Virgílio o que poetizava; mas hoje que se comutaram a poetas todas as sete pragas do Egipto, quem quereis vós que os farte, quanto mais que os enriqueça?
--- D. Francisco Manuel de Melo, "Hospital das Letras".
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sexta-feira, setembro 09, 2011
AMARANTE VI
Casa de Teixeira de Pascoaes
Quem traz o outono ao meu jardim agora?/ Quem muda em cinza o fogo do meu lar?/ E quem soluça em mim? Quem é que chora?
Manela e Joca: Além de histórica e religiosamente importante, a região amarantina viu nascer os escritores Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e Alexandre Pinheiro Torres, assim como os pintores Amadeo Souza Cardoso e António Carneiro. Destes, tem o museu municipal uma apreciável colecção dos seus quadros. Se Amadeo é vastamente conhecido, António Carneiro, um pouco no esquecimento, foi um pintor influenciado pelo simbolismo francês, e, não por mero acaso,também foi poeta.
Amarante Se voltei a Amarante depois daquela vez adolescente, não me recordo. Recordo sim, a volta no bote a remos, a cintilação ofuscante da luz reverberando na quietude da água, as umbrosas margens, as cascatas de verde dos salgueiros; o quadro de paisagem emblemática, a ponte, a massa recortada de ângulos e torres da igreja e convento de S. Gonçalo... Houve, recordo, um momento mágico acima de todas as emoções: descobrir o claustro, um espaço, forma e proporções que eu nunca antes tinha visto nem sentido. Muitos, mesmo muitos anos se passaram: a fotografia que tirei naquela altura, revelada a preto e branco, em papel mate, já ligeiramente moída do tempo, e a memória, remetem-me para outros momentos, outros sobressaltos, mais recentes, e procuro uma ligação, uma referência que não encontro: é que, para mim, aquele claustro é arquitectura chã. Pela época, pelo estilo, entre o maneirismo e o barroco...mas o amigo Kubler não o cita, nem ao conjunto construído notável de que faz parte, na sua obra sobre o tema. Amarante, uma óptima ideia... Ainda viremos a ter, a propósito deste sítio, motivos para agradecer ao Manuel, para além desta partilha e despertar de evocações?
Lindo. As palavras certas para este quase início de Outono.
ResponderEliminarEu não sabia que Amarante era tão bonito. Obrigada. Descansa. Muitos vão beneficiar do teu descanso. Faz mais fotos...
ResponderEliminarManela e Joca:
ResponderEliminarAlém de histórica e religiosamente importante, a região amarantina viu nascer os escritores Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e Alexandre Pinheiro Torres, assim como os pintores Amadeo Souza Cardoso e António Carneiro. Destes, tem o museu municipal uma apreciável colecção dos seus quadros. Se Amadeo é vastamente conhecido, António Carneiro, um pouco no esquecimento, foi um pintor influenciado pelo simbolismo francês, e, não por mero acaso,também foi poeta.
Amarante
ResponderEliminarSe voltei a Amarante depois daquela vez adolescente, não me recordo. Recordo sim, a volta no bote a remos, a cintilação ofuscante da luz reverberando na quietude da água, as umbrosas margens, as cascatas de verde dos salgueiros; o quadro de paisagem emblemática, a ponte, a massa recortada de ângulos e torres da igreja e convento de S. Gonçalo...
Houve, recordo, um momento mágico acima de todas as emoções: descobrir o claustro, um espaço, forma e proporções que eu nunca antes tinha visto nem sentido.
Muitos, mesmo muitos anos se passaram: a fotografia que tirei naquela altura, revelada a preto e branco, em papel mate, já ligeiramente moída do tempo, e a memória, remetem-me para outros momentos, outros sobressaltos, mais recentes, e procuro uma ligação, uma referência que não encontro: é que, para mim, aquele claustro é arquitectura chã. Pela época, pelo estilo, entre o maneirismo e o barroco...mas o amigo Kubler não o cita, nem ao conjunto construído notável de que faz parte, na sua obra sobre o tema.
Amarante, uma óptima ideia... Ainda viremos a ter, a propósito deste sítio, motivos para agradecer ao Manuel, para além desta partilha e despertar de evocações?