Com as incidências recentes, a progressão da minha tese limitava-se a cumprir, como numa greve, os serviços mínimos. Lia o diário do poeta pela enésima vez, mais para me confortar do que para dele extrair elementos para o meu trabalho. Deparava-me com a solidão em que tinha vivido um grande espírito, e fortalecia em mim a ideia de que a felicidade era inimiga do estudo e da criação artística. Como de certa forma me sentia doente, segui o conselho de Blaise Pascal: faire le bon usage des maladies. Foi assim que comecei a escrever esta narrativa, não propriamente em jeito de catarse, mas para tirar o melhor partido do mau momento que atravessava, pensando atirá-la, uma vez publicada, à cara incrédula e quiçá arrependida de M.
Impus-me a obrigação de escrever, no mínimo, uma página por dia, entre seiscentas e setecentas palavras. Um objectivo modesto, sabendo como sei que há escritores que vão às duas mil e mais palavras em cada jornada de trabalho. De qualquer forma, eu não me considerava um escritor, era alguém que estava simplesmente a escrever, além de que tinha de reservar algum tempo para prosseguir com a minha tese de doutoramento. Como entretanto me tinha reformado, deixei os pequenos trabalhos que mantinha como formador e passei a dedicar-me inteiramente aos livros e à escrita. Pela primeira vez na vida, abraçava o ócio e punha de lado o negócio.
Impus-me a obrigação de escrever, no mínimo, uma página por dia, entre seiscentas e setecentas palavras. Um objectivo modesto, sabendo como sei que há escritores que vão às duas mil e mais palavras em cada jornada de trabalho. De qualquer forma, eu não me considerava um escritor, era alguém que estava simplesmente a escrever, além de que tinha de reservar algum tempo para prosseguir com a minha tese de doutoramento. Como entretanto me tinha reformado, deixei os pequenos trabalhos que mantinha como formador e passei a dedicar-me inteiramente aos livros e à escrita. Pela primeira vez na vida, abraçava o ócio e punha de lado o negócio.
Pode haver infelicidade no ócio (pergunta de ocioso crónico)?
ResponderEliminarNão, Ricardo! No "otium" só pode haver felicidade criadora.
ResponderEliminarPeço minhas sinceras desculpas por demorar a responder, mas, desde já o agradeço pelas palavras sinceras, que me fizeram acreditar que mesmo depois de tudo, é realmente bom saber que há sempre um sorriso e um abraço pra nos acolher.A vida é traiçoeira, e sei bem disso; mas de qualquer forma, gosto de viver. É bom saber, que podemos suportar as dores e seguir em frente; isso me dá mais força. Muito obrigado pelas palavras amigas, são o que mais aprecio nas pessoas; valem mais que qualquer outro gesto.
ResponderEliminarUm abraço, Larissa.
Minha Amiga,
ResponderEliminarJá deixei um comentário no blogue sweet lemon. É pena que o tenha encerrado de forma para mim imprevista, embora compreensível... Às vezes necessitamos de parar um pouco, para depois continuarmos.
Ainda lá vou voltar para deixar mais uma nota.
Abraço,