Se uma dor que é nobre vale mais que uma pobre
Estreita ledice,
Quando melhor cair em Alcácer-Quibir
Que vencer em La Lys.
Que se o servo vence, nunca ao servo pertence
A vitória que tem,
É um vão dom divino, uma sorte ou destino
E julga diademas as suas algemas
Porque o que se ergueu bravo em La Lys venceu escravo,
O outro caiu senhor.
FERNANDO PESSOA
O JL acaba de antecipar alguns poemas inéditos de Pessoa ortónimo que sairão dentro de dias em edição da Assírio & Alvim. Canções da Derrota é um deles.
Em La Lys ( 9 de Abril de 1918) não vencemos. Foi aliás o Alcácer-Quibir do CEP (Corpo Expedicionário Português), como Jaime Cortesão deixou escrito nas suas memórias da Grande Guerra. Sob o ímpeto da artilharia e das baionetas alemãs morreram naquele dia cerca de nove centenas de militares portugueses. Tudo tropa desmoralizada, cansada de guerra, cujos efectivos não eram rendidos desde a subida ao poder de Sidónio Pais. No confronto político entre os partidários da guerra e aqueles que a ela se opunham, os soldados portugueses abandonados nas trincheiras da Flandres foram carne para canhão. O comando britânico mandou-os morrer, e eles cumpriram a ordem.
Razão tinha Pessoa: fomos para a guerra como servos. Servos do imperialismo britânico que só nos aceitou no teatro de operações quando muito bem quis, sempre com o olho guloso posto nas nossas colónias de África.
O balanço final foi trágico. Entre 1917 e 1918 foram mobilizados para combater em França 55 165 soldados portugueses, tendo-se registado 2091 mortos em combate, 234 desaparecidos e cerca de 7000 prisioneiros dos quais 233 não resistiram ao cativeiro.
D.E.
Dei agora uma vista de olhos pelo seu blog...
ResponderEliminarDiferente sem dúvida ...
Obrigada pelo comentário no meu blog!